sergio camargo

cronologia: 1961 - 1965



1961-1962
Instala-se em Paris, onde permanecerá até 1974. Frequenta como ouvinte, por quatro anos, o curso de sociologia da arte ministrado por Pierre Francastel, na École Pratique des Hautes Études.

Busca novo método de trabalho a fim de romper com o formalismo de sua fase anterior. Para isso pressiona o gesso em dobras aleatórias com pedaços de tecido ou realiza relevos invertidos: sobre um leito de areia, faz furos com os dedos ou com pincéis e depois joga o gesso que, uma vez endurecido, resulta no positivo do negativo, posteriormente fundindo-os em bronze.

O novo método de trabalho o agrada, mas não seus resultados. Dessas experimentações sobraram apenas alguns exemplares, a maior parte foi destruída.

1963
Trabalha intensamente em novo ateliê em Malakoff, no sul de Paris. Retoma preocupações formais mais sistemáticas, incorporando a elas o elemento de acaso e autogeração implícito nos trabalhos em gesso da fase anterior. A volta à “ordem” é marcada por um desses lampejos de iluminação que surgem em meio ao cotidiano. Ao cortar uma maçã para comer, fatia quase metade da fruta. Em seguida, faz outro corte, em ângulo diferente, para retirar um pedaço dela. Os dois planos criam uma relação de luz e sombra que o fascina. Tal encontro paradoxal entre natureza e cultura veio a ser uma questão central em todos os trabalhos subsequentes do artista.

Em junho, inicia a série dos “relevos”: cilindros de madeira dispostos sobre o plano e pintados de branco, nos quais ritmos e estruturas são revelados pela incidência da luz.

Em setembro inscreve três relevos, até então inéditos, na 3ª Bienal de Paris, e obtém o Prêmio Internacional de Escultura. O relevo n. 1 é adquirido pelo Centre National d’Art Contemporain. Uma exposição com os premiados da Bienal foi posteriormente apresentada em Annecy, Nice, Lyon e Le Havre.

1964
Concebe dois projetos monumentais – a coluna Homenagem a Brancusi e a Torre Modulada – a serem executados em mármore de Carrara no ano seguinte, em Massa (Itália), no ateliê de Alfredo Soldani, com quem passa a trabalhar regularmente. As obras são expostas pela primeira vez em 1966, na 33ª Bienal de Veneza.

Em meados do ano, Paul Keeler, fundador do Centre for Advanced Creative Study, visita o ateliê de Camargo em Paris. O espaço londrino, dedicado ao experimentalismo, adotaria ainda naquele ano o nome Signals, inspirado em esculturas de Takis. Além de Keeler, integram o grupo David Medalla, Guy Brett, Marcello Salvadori e Gustav Metzger. A galeria foi responsável pela divulgação de Lygia Clark, Hélio Oiticica e Mira Schendel na Europa, artistas introduzidos por Camargo ao grupo.

Em dezembro, Camargo apresenta individual na Signals. O número 5 da revista da galeria – Newsbulletin Signals London – é dedicado ao artista, com textos de Denys Chevalier, Gerald Turner, Karl K. Ringstrøm e poemas de Sinclair Beiles. As fotos são de autoria de Clay Perry.

A BBC de Londres produz os filmes Kinetic Art, Works by Soto, Camargo and Takis, este para o programa Town and Around, com apresentação de David Medalla, e Camargo, dirigido por Hazel Swift e Leo Eaton, distribuído na Grã-Bretanha e na América do Sul.

1965
Viaja para o Brasil, permanecendo grande parte do ano no país. Em abril, apresenta individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Durante a mostra, Carlos Flexa Ribeiro, secretário da Educação e Cultura da Guanabara, adquire o relevo n. 15 para a futura Escola Municipal Roma (Copacabana), com projeto de Francisco Bologna, onde a obra se encontra ainda hoje.

Em junho expõe na Galeria São Luiz, em São Paulo. Um dos relevos [n. 32b] é adquirido pelo dr. José Nemirovsky, e hoje integra o acervo da Fundação José e Paulina Nemirovsky (Estação Pinacoteca, São Paulo).

Em setembro participa da 8ª Bienal Internacional de São Paulo com cinco relevos em madeira, recebendo o Prêmio de Melhor Escultura Nacional. As obras expostas, segundo o catálogo geral, são Relevo n. 13, Relevo n. 24, Relevo n. 26, Relevo n. 31 e Relevo arborescente n. 41, uma das quais adquirida pelo Ministério das Relações Exteriores.

Recebe a encomenda para executar muro estrutural de concreto no auditório do Palácio Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores), em Brasília.

A Tate Gallery adquire Grand relief fendu n. 34/4/74 por intermédio da Signals. A obra integra o acervo permanente do museu.

Um documentário produzido pela NBC sobre a exposição “Soundings Two”, na Signals, é exibido nos Estados Unidos e no Canadá.